Pesquisa Atlas Intel publicada nesta terça-feira, 10 de janeiro de 2023, mostra que a maioria absoluta dos brasileiros, um total de 75%, discorda da ação dos manifestantes em Brasília que invadiram e depredaram prédios públicos. Outros 5,8% não sabem e a 18,4% concordam com a depredação.
Este número de 18,4% é pouco perto dos quase 50% de votos que teve Bolsonaro no 2º turno, mas ainda é um número elevado se considerar a gravidade do que aconteceu no último dia 8 de janeiro.
Ao detalhar e perguntar se a ação foi “justificada em parte”, algo como “poderia até ir e entrar, mas quebrar só um pouquinho e não tanto”, a resposta fica assim:
Um total de 38% acham que a ação foi completamente justificada ou justificada em parte. Esse número fica ainda mais latente quando os dados são estratificados por religião:
Se somar os que acham que a ação foi completamente justificada (17%) com justificada em parte (33,5%), significa que mais da metade dos que se consideram evangélicos concordam, pelo menos em partes, com o que aconteceu em Brasília.
Ao perguntar sobre a própria intervenção militar, a maioria da população é contra, com 54%:
Ao estratificar, os evangélicos são praticamente o dobro da população em geral:
Uma opinião divergente da população brasileira
Veja que se tomar a pesquisa como uma fotografia da população – e essa fotografia se assemelha muito ao resultado das eleições em 2022, os que se declaram evangélicos tem uma opinião diferente do Brasil como um todo. É como se fosse uma outra realidade social, com outros costumes, outras interações e outra opinião.
Nietzsche chama o homem moderno de “animal de rebanho”, e isso não faz distinção a religião. O filosofo alemão faz uma crítica a modernidade, com uma ausência de pensamento próprio para este homem, que tem apenas vivências “medianas e vulgares”.
O homem comum precisa da opinião dos outros para determinar o que pensa de si mesmo. É o que fica claro quando a maioria de um rebanho responde “não sei” para uma pergunta sobre um fato que está sendo exposto 24h na tv.
Esta característica do homem moderno encontra no algoritmo das redes sociais a resposta perfeita para as suas perguntas. A superexposição das telas faz com um grupo tenha ainda mais contato com aqueles que pensam igual. As conhecidas “bolhas sociais” criam, através das redes, um pensamento tão forte e unificado que faz com que surjam alucinações sociais capaz de fazer um grupo realmente achar que Lula não venceu as eleições.
E isso não é uma brincadeira, isso é um pensamento de uma corrente, ratificada pelo algoritmo e distribuída nas bolhas sociais para um homem moderno que, como diz Nietzsche, não tem opinião própria e que, coincidentemente, se declaram em sua maioria evangélicos.
Uma resposta
Muito bom artigo. Parabéns!
Triste ver como os “pastores” conduzem seus rebanhos. A pergunta que fica é: o que fazer?