Façamos um exercício mental: se Virgínia não estivesse fazendo publicidade paga para as bets, mas sim usando no dia-a-dia e postando em suas redes, alguém acreditaria que ela estaria ganhando dinheiro apostando?
A resposta é simples: claro que não. A fortuna de Virgínia nunca poderia vir de jogos de azar. As bets não são feitas para te fazer ter sucesso, mas sim para você perder.
A comunicação publicitária é como qualquer outra comunicação, seja religiosa, artística, jornalística, ideológica. É uma comunicação, e toda comunicação tem uma responsabilidade social.

Mas se toda comunicação tem uma responsabilidade social, por que essa responsabilidade está sendo flexibilizada no caso de influenciadores que recebem dinheiro para divulgar algo que aquele que consome perde dinheiro?
Imagino que a resposta esteja na raiz do culto a prosperidade individual, tão presente nos dias de hoje. Para um certo setor da sociedade, é muito mais louvável saber que a Virgínia fechou um contrato de 10 milhões de reais com uma casa de aposta do que ela negar o contrato. Afinal, ela sabe que aquele sucesso das bets não é verdadeiro, mas mesmo assim ela consegue aumentar o seu patrimônio e ascender ainda mais socialmente.
Mas dá para ir além…
Hoje, os vídeos verticais, o tiktok, os reels estão no centro do consumo audiovisual de todo o planeta. Nada faz mais sucesso do que os vídeos do instagram, e não há um ser humano que resista ao feed das redes sociais, seja qual a sua classe, cor ou credo. O tiktok, inclusive, se torna um meio de busca para boa parte da população, que faz pesquisas, aprende com tutoriais, receitas e muito mais.

As redes sociais viraram o grande meio de comunicação da década. Mas então por que, mesmo assim, é flexibilizado o fato de que uma influenciadora como Virgínia divulgue algo que ninguém acredita que ela mesmo usa no seu dia a dia?
A resposta novamente é o culto a prosperidade. Ou seja, não assisto a publicidade que a Virgínia faz, pulo quando aparece publicidade de bets, não acredito que seja verdade, mas mesmo assim acho que ela tem que fazer, pois ela merece, já que é rica e prospera com o dinheiro deste contrato.
Isso não tem outro nome, senão uma associação de deliquentes.
O domínio das bets no mundo da publicidade

Atualmente, 18 dos 20 times da série a do Brasileirão são patrocinados por bets. No caso do Palmeiras, por exemplo, o valor chega a R$ 170 milhões de reais. Estamos falando algo de mais de um bilhão de reais, de dinheiro que vem de famílias humildades, de pessoas dependentes de jogos online, de dinheiro de programas sociais e muito mais.
Mesmo sem acesso aos contratos e ao sistema financeiro das bets, uma coisa é muito clara, está dando certo! Patrocinar praticamente toda a elite do esporte brasileiro, patrocinar praticamente toda a elite dos influenciadores digitais.